quinta-feira, 30 de abril de 2009

ENEM - DF AINDA TEM MUITO QUE MELHORAR

Enem: DF ainda tem muito que melhorar, admite secretário

Publicação: 30/04/2009 08:41 Atualização: 30/04/2009 08:48
A publicação dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) confirmou a baixa qualidade do ensino oferecido pelas escolas públicas brasileiras. Apenas 10% delas ficaram acima da média nacional do exame (50.52). No Distrito Federal, a situação é um pouco melhor: das 92 instituições avaliadas, 20 (21,8%) ultrapassaram a nota média. “Em valores relativos, estamos bem, porque as escolas públicas daqui têm resultado melhor que as demais”, afirma o secretário de Educação do DF, José Luiz Valente. “Mas, em termos absolutos, há muito o que melhorar”, admite.O Colégio Militar de Brasília é a melhor escola pública do DF, segundo ranking elaborado pelo Correio a partir dos dados do Enem, mas ocupa apenas a 320ª colocação na lista nacional. Para a professora Stella Maris Bortoni, isso mostra que o ensino no DF está fraco, principalmente considerando o alto poder aquisitivo da cidade. “A renda per capita do DF é alta. As famílias podem arcar com materiais didáticos. E quase não temos professores sem curso superior”, explica.As críticas da professora também se aplicam ao ensino das escolas particulares. Apenas cinco das 67 avaliadas pelo Enem ficaram abaixo da média nacional. Mas, apesar de cobrarem mensalidades caras, as melhores não estão nem entre as 40 melhores do país. “Nosso ensino médio está fraco e não é a primeira vez que digo isso”, reforça a especialista.Durante pesquisas com os estudantes do DF realizadas recentemente, a professora notou que os alunos do fim do ensino médio têm dificuldades de compreensão da leitura. “Os alunos leem o livro didático, mas, se não apreendem, como podem processar as informações?”, questiona. Bortoni e seus colaboradores identificaram ainda problemas em matemática. Lógica e interpretação de texto compõem a base do Enem.Última colocação O Centro de Ensino Fundamental (CEF) 411 de Samambaia repetiu a última colocação do ano passado e continua como a pior entre as escolas públicas do DF — em nível nacional, é a 24.851ª. “Fiquei triste com o resultado, pois trabalhamos para melhorá-lo, mas é preciso levar em conta a dificuldade do trabalho em uma escola de Educação para Jovens e Adultos (EJA)”, ressalta a diretora do CEF 411, Maria de Fátima Costa.No fim da lista do DF, outras oito escolas de EJA acompanham o colégio de Samambaia. Segundo Maria de Fátima, os alunos adultos são diferentes, porque vão à aula após o trabalho, quando já estão cansados. Além disso, cursam os três anos do ensino médio em um ano e meio, o que impossibilitaria a comparação com alunos do ensino regular. O professor Remi Castioni, da Universidade de Brasília (UnB), corrobora a análise e acrescenta que a EJA do DF é deficiente. “O atendimento de adultos é ínfimo e a maior parte dos professores é despreparada”, critica.Nas escolas de ensino médio tradicional, as explicações para o baixo rendimento são mais simples. “Temos uma professora de atestado há 30 dias e ainda não chegou substituto”, lamenta o diretor do Centro de Ensino Médio 2 da Ceilândia, Wilson Venâncio. O colégio ficou em 51º no DF (10.455º no Brasil). O estudante Bruno Melo, 17, por exemplo, não teve aula de química ontem. “Tinha que ser logo química, que é mais difícil?”, reclama o aluno do 3º ano do ensino médio.Bruno já passou mais de três semanas sem aulas de português. O professor de artes que deveria ter chegado em janeiro só veio mês passado. “Esse problema atinge mais as escolas da periferia. Uma coisa é abrir carência em Taguatinga. Outra é abrir em Brasília”, compara o diretor.Enquanto a solução não surge, as escolas se mobilizam para melhorar os próprios desempenhos. No CEM 2, professores se reuniram ontem para pensar estratégias. “A partir do próximo mês, vamos realizar aulões de português e matemática para os alunos interessados”, planeja o diretor Venâncio.
Correio Braziliense.

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